Próximos dois dias estão movimentados para a companhia
Recuperação da produção de minério de ferro, que no terceiro trimestre de 2024 (3T24) atingiu seus níveis mais altos desde o 4T18, mas com preços realizados mais fracos. Expectativa para a assinatura de acordo na próxima sexta-feira (25), dia seguinte à divulgação de resultados, que pode representar uma virada de página.
O final da semana será cercado de emoções para a Vale (VALE3), que divulgará seus resultados financeiros na noite desta quinta-feira (24) e assinará acordo multibilionário com autoridades federais e estaduais para reparação e compensação pelo rompimento de barragem de rejeitos em Mariana (MG).

Acordo de Mariana
Já com relação ao acordo sobre Mariana, a expectativa é de que ele some um total de R$ 170 bilhões, incluindo pagamentos já realizados pelas empresas, recursos novos e obrigações ainda a cargo das mineradoras.
Isso incluiria: (i) R$ 38 bilhões em valores já investidos em medidas de remediação e compensação; (ii) R$ 100 bilhões a serem pagos em parcelas ao longo de 20 anos ao governo federal, aos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, bem como aos municípios para financiar programas compensatórios e ações vinculadas a políticas públicas; e (iii) R$ 32 bilhões em obrigações de desempenho pela Samarco, incluindo iniciativas de indenização individual, reassentamento e recuperação ambiental.
A Vale também estimou uma provisão adicional de aproximadamente R$ 5,3 bilhões (ou US$ 956 milhões), que deve ser adicionada aos passivos relacionados a Mariana nos resultados do 3T24 também a serem divulgadas nesta quinta —mas nenhum cronograma para os desembolsos foi divulgado ainda.
Com isso, a expectativa do mercado é de maior pressão de dividendos à frente. “Embora o prazo para os R$ 100 bilhões em pagamentos em dinheiro seja de 20 anos, o banco acredita que as saídas podem ser um pouco mais concentradas nos primeiros 2-3 anos do acordo, provavelmente prejudicando a geração de FCF (fluxo de caixa livre) da Vale e limitando o pagamento de dividendos extraordinários no curtíssimo prazo”, avalia o Itaú BBA.
Contudo, olhando para frente, o fechamento do acordo é visto como positivo, com a expectativa é de uma virada de página para a mineradora. “A questão não resolvida de Mariana foi um grande obstáculo para potenciais investidores na Vale. Encontrar uma solução final para isso, uma que representaria uma compensação substancial para a sociedade e, como tal, que abriria a porta para um melhor relacionamento com as partes interessadas, também é muito importante para o futuro da Vale. O valor geral da compensação já havia circulado na imprensa e as provisões adicionais estavam de acordo com as expectativas dos investidores. Uma vez assinado, acreditamos que o acordo final reduzirá o risco da narrativa da Vale, permitindo que os investidores se concentrem novamente nos fundamentos e nas perspectivas de negócios”, aponta o JPMorgan.
Assim, além dos resultados, o mercado ficará de olho nas expectativas para as commodities – principalmente com China – e no acordo com as autoridades para Mariana. Esses desdobramentos podem marcar uma dupla virada para a companhia: recuperação operacional e virada de página com finalmente um compensação sobre o desastre de Mariana. Por outro lado, o cenário incerto com a economia chinesa e para os preços de minério de fero devem seguir como um calcanhar de aquiles para companhia.